DISCURSO DE POSSE
DO ACADÊMICO RENÃ LEITE PONTES, NO SODALÍCIO DA ACADEMIA ACREANA DE LETRAS, EM
SUBISTITUIÇÃO A JOSÉ HIGINO DE SOUZA FILHO, CADEIRA 33
SAUDAÇÃO
Minha Presidente,
Profa. Dra. Luísa Galvão Lessa Karlberg; atriz Carla Cristina, Presidente da
FEM, representando o Governador Tião Viana; Márcio Batista, Vice -
Prefeito de Rio Branco, representando o Prefeito Marcos Alexandre; queridos
Confrades que comigo hoje tomam posse; minhas senhoras; meus senhores; meus
familiares.

Libertador das Américas - 1830); dia da abolição da escravatura no Chile (1823) e dia da descoberta da cidade inca de Machu Picchu, no Peru, assumo a titularidade da
Ocupo-a muito honrado,
ladeado pelas Confreiras Margareth Edul Prado Lópes (cadeira 32) e Luísa Galvão
Lessa Karlberg (cadeira 34): ambas professoras, iguais a mim; ambas doutoras;
ambas tarauacaenses e, portanto, conterrâneas dos meus avós maternos, aqui
representados por minha magnânima mãe, a Profa. Raimunda Nonata Leite, que
neste ato também representa o município do Quinari - a cidade onde nasci.
Lendo,
pesquisando e entrevistando pessoas a respeito da história de vida do meu
antecessor, a quem tenho a honrosa obrigação de prestar esta homenagem,
descobri a linda história de vida de um bom amigo, acadêmico e cidadão, cuja
fortuna imortal, moral e imaterial continuará influindo e beneficiando nossa
história, Cultura e economia por muito tempo.
Por herdade à
Academia e às letras acreanas, José Higino de Sousa filho deixou várias obras
publicadas, que aqui destaco uma: “A Luta Contra os Astros” (1993). Trata-se de
um singular romance autobiográfico de 370 páginas, que, segundo José Chalub
Leite, é a história real da vida de uma pequena cidade do ex- território do
Acre, a ex-Vila Seabra, hoje Município de Tarauacá, que em 1877 se chamava
Porto de Lenha ou Foz do Murú.
O romance
supramencionado é um tesouro literário que trata do cotidiano ancestral de uma
sociedade interiorana à margem da vida, subjugada pela força dos rios Tarauacá
e Murú, oprimida também pela floresta sufocante, e, não menos sujeita aos
humores de homens capazes de impor aos semelhantes um destino de fatalismo
congênito e uma pasmaceira telúrica quase sempre intransponível.
Para a indústria
e comércio acreano meu Antecessor deixou a lição de pioneirismo quando fez a
primeira torrefação de café em Rio Branco, ele foi o pioneiro da indústria,
aproveitando o legado do pai dele, o pecuarista José Higino de Sousa, que
segundo consta, vendia leite e manteiga em Tarauacá e, depois, para os outros
municípios, na época em que os homens poderosos do estado viviam do
extrativismo.
Higino filho era
um homem de correspondência por cartas e de presentear com livros. Se formou em
direito na primeira turma da UFAC, em 1974.
Foi ainda o
fundador do SESI e SENAI no Estado do Acre, o qual esteve à frente por 17 anos,
legando à instituição importante patrimônio e documentação estruturante.
Vou ler aqui para
finalizar um soneto alexandrino moderno, que adveio da minha lavra, pela
leitura do importante romance acreano “A Luta Contras os astros”:
Omnia
Vincit Labor
Renã Leite Pontes
Pedia da janela , ao pálio , em meio a janta,
para um astro levar-me a um bem mais
lisonjeiro,
porque ouvi dizer: - no flagra verdadeiro
de um astro quando cai, um sonho se levanta.
Mais tarde eu vigiava com ventura tanta,
em banco florestal, sentado no terreiro,
mas meu amor ao mundo era tão verdadeiro,
que sempre me fugia a fala da garganta.
E quando eu retornava para a velha cama,
sofrendo os sofrimentos próprios de quem ama,
justificava a mim: - ainda sou menino!
Em um “piscar de olhos”, estou na cidade,
com astros me crivando de adversidade.
quiçá somente à força doma-se o destino.
Se hoje estou
aqui é porque fiz aquilo que muitas pessoas, em condições melhores que as
minhas, não fizeram e, mais por isto, tornei-me o primeiro cidadão quinariense
a ocupar uma cadeira no Sodalício da Academia Acreana de Letras.
Muito Obrigado!
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