sexta-feira, 11 de setembro de 2015

DISCURSO DA PRESIDENTE DA AAL NA POSSE DE NOVOS MEMBROS DO SODALÍCIO

AUTORIDADES PRESENTES OU AQUI REPRESENTADAS, MEMBROS DO  SODALÍCIO, SENHORAS E SENHORES,
Luisa Galvão Lessa Karlberg
Presidente da Academia Acreana de Letras - AAL

Apresento-vos, em nome do sodalício da Academia Acreana de Letras, palavras de agradecimento, alegria e  gratidão. Elas se estendem a todos os convidados presentes e àqueles que estão aqui em pensamento. Cumprimento as autoridades, os familiares e amigos que aqui se juntam a nós, alegrando, com suas presenças, esta bela noite. Agradeço ao Colegiado Acadêmico da nossa AAL, pela calorosa acolhida que dão aos novos membros do sodalício.À Comissão de Posse da AAL pelo primor de organização da solenidade.
Digo-vos que a Academia Acreana de Letras é uma instituição de literatos, historiadores, professores, linguistas, médicos, advogados, jornalistas, antropólogos, pedagogos, juristas, teólogos, artistas. Tem por objetivo principal  cultivar, estimular o culto ao idioma pátrio, a produção, a divulgação literária, a pesquisa científica e social  no Acre. Importante, para nós, é que desse diversificado colegiado tenhamos produções literárias que deem voz ao Estado do Acre, a exemplo de outras unidades da Federação. O culto ao idioma pátrio é dever de todos, porque escrever  é doar ao mundo aquilo que existe dentro do nosso mundo.
O Acre, berço de uma história ímpar, no Brasil, destaca-se, diante do mundo, por sua história inigualável. Ainda, por sua posição geográfica, estando ao lado de países andinos e, também,  por situar-se no centro-oeste  da Amazônia, lugar habitado por gente hospitaleira, ordeira, gentil. E, nesse cenário, a Academia Acreana de Letras, através dos seus confrades, vem prestando relevante papel junto à sociedade, na contribuição lítero-cultural.
Hoje, novos acadêmicos são empossados:
---- Renã Leite Pontes, que tem por antecessor José Higino de Sousa Filho, homem de integridade ímpar, primoroso nas letras de seus belos romances. E, nesse cadeira senta Renã, um homem de caráter ilibado, profissional brilhante, professor, poeta internacional, sonetista grandioso, amigo dos amigos, esposo exemplar tal qual o Higino. Esta casa Vos acolhe com a alegria do presente e a saudade do passado.
---- Arquilau de Castro Melo, tem por antecessor Omar Sabino de Paula, um jurista renomado que tantos feitos legou ao Acre. Em sua cadeira chega Arquilau de Castro Melo --Desembargador aposentado, advogado, estudioso da literatura regional -- com a mesma precaução, cuidado, zelo, compromisso com o Acre. Estudioso não apenas do Direito, senão também da Literatura, onde encontrou em Euclides da Cunha a vocação para desvendar o Eldorado brasileiro que se acreditava achar escondido no coração da floresta amazônica. Este foi o sonho alimentado por muitos exploradores e cientistas europeus, do inicio do século XX. E foi nesse universo que deu-se o encontre de Arquilau com Euclides da Cunha, que o trouxe, nesta noite, à AAL.
---- Reginâmio Bonifácio de Lima, que tem por antecessor Manoel Mesquita. Reginâmio é amante das Letras, da Teologia, da História. Ciências ligadas à vida, à linguagem. Também possui similaridade com o antecessor que tanto amava a Academia, a história regional. Reginâmio convive com os infantos, e neles encontra a pureza, muitas, vezes, perdida nos adultos. Mas acredita, assim como nós do sodalício, que ora abraça, que a verdadeira literatura purifica almas, igualmente a ciência, como Pesquisador do CNPq e Professor da UFAC.
---- Gilberto Braga de Mello, que tem por antecessor Francisco Thaumaturgo, homem que tanto fez pelo Acre, pela Cultura, pela política. Gilberto, um advogado e jornalista, debruçado em marketing e propaganda, vai tecendo sua literatura em meio à política, preocupado com o social, a região, as pessoas. Não são caminhos opostos, eles se confluem no observar os cenários para modificá-los, sempre em prol do bem comum, do sonho de toda uma sociedade.Aqui, Gilberto, na sua arte, realiza uma procura apaixonada, tanto na literatura quanto na política. E, em ambas, a comunicação, o discurso, o texto, é que realiza os propósitos e sonhos, para que não fiquemos “de bubuia”, na vida, como descreve essa expressão, em seu dicionário.
Senhoras e Senhores, Acadêmicos, a AAL,  como ícone  maior  da Língua e Literatura de expressão portuguesa no Estado do Acre, arcando com o ônus do protelamento de inserir os nomes de Vossas Excelências em seu  Quadro  de  Acadêmicos,(foram eleitos há mais de 1 ano)  cumpre,  hoje,  o nobre  dever  de justiça,  de  incluí-los  como  Membros  Titulares e imortais do  nosso  sodalício, enaltecendo-os como quatro próceres da Cultura e Literatura Acreana.
Então, senhoras e senhores, estimados confrades e confreiras, é meu dever sagrado, nesta noite, evocar os antecessores, buscar cumplicidade com as experiências passadas, com as histórias humanas que se foram, com as existências que lutaram e superaram suas contingências. Celebra-se, portanto, nesta noite, a feliz coincidência de contar com antecessores que trilharam caminhos tão semelhantes aos que os novos confrades irão percorrer. E, sob a inspiração desses antecessores, com o espírito pacificado e a vaidade sob intenso controle, desejamos que abracem este momento de Vossas vidas, sem perder de vista o legado que terão que deixar na bagagem que trazem hoje e naquela que irão consolidar junto ao sodalício. O nosso desafio social, cultural e linguístico é imenso.
Entrar numa Academia de Letras não torna ninguém melhor escritor, não transforma nulidades em criadores, medíocres em gênios. Mesmo porque a humanidade é gregária e associativa, as Academias de Letras reúnem criaturas que desejam superar suas próprias limitações, pessoas inconformadas consigo mesmas, com as injustiças do existir, com a própria finitude da vida. E porque as mais nobres ações humanas são voltadas para a defesa da vida, esses que se associam, na Academia de Letra, escolheram as palavras, a criação literária, como arma para enfrentar a brevidade da vida. Ars longa, vita brevis, disseram os antigos. A arte perdura, a vida é curta.
Assim, Renã, Arquilau, Reginâmio e Gilberto nós, da Academia,  nos identificamos por  afinidades culturais, linguísticas e literárias. Comungamos dos mesmos ideais: olhar um Acre sempre altaneiro, igualmente a bandeira hasteada no pavilhão do Estado que se fez brasileiro.
Sentimos, que este Sodalício, na noite de hoje, está feliz. Sentimo-nos honrados, orgulhosos e cativados  por Vossas Excelências, pela bagagem que trazem convosco para esta Casa de saber. Todavia, estamos cientes dos desafios que este século XXI nos impõe. A verdade é que vivemos na  época  da  velocidade, das gigantes aeronaves, da Internet, do WhatsApp, do Tuitter, mas  nos  sentimos  enclausurados no tempo da ciência revolucionária, da tecnologia que fecha e abre mundos.  A  máquina,  que  produz  abundância,  tem-nos deixado  em  penúria.  Nossos  conhecimentos  fizeram-nos  céticos;  a nossa  inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Dizemos uma coisa e fazemos outra. Beijamos alguém que dizemos amigo e o apedrejamos quando nos dá às costas. Que mundo é esse que tanto oferece e tanto nos tira? Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas  virtudes,  a  vida  será  de  violência  e  tudo  será  perdido.
A  Internet fez do mundo uma aldeia, assim como a Televisão. Mas pensando bem, a  própria natureza desses inventos só faz sentido se o mundo for melhor. E, para isso, as pessoas precisam ser melhores. Tudo isso é  um apelo  eloquente  à  bondade  do  ser humano...  um  apelo  à  fraternidade ... ao companheirismo... à união  de  todos nós em prol do bem comum. E um desses bens maiores reside no mundo das letras, da literatura, que é a expressão da sociedade, assim como a palavra é a expressão do ser humano. E para viver bem e feliz devemos ser terrivelmente sinceros. No entanto, vive-se um paradoxo. É incrível, quando se atinge a verdade passamos a fazer ficção, que é  a invenção ou criação. Devemos ter cuidado, atenção com as palavras, armas de constroem, mas que também destroem o mundo, a vida, as pessoas.
Mas de tudo que digo, o mundo da literatura, das letras, é fantástico, nos permite navegar por muitos mares. A esse respeito, escutemos a voz de grandes literatos:
Mário Quintana  - Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo."
Fernando Pessoa - "A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta".

Machado de Assis – “Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem."
Goethe - O declínio da literatura indica o declínio de uma nação”.
Salamah Mussa - Não é a beleza mas sim a humanidade o objetivo da literatura”.
Émile Zola - “Os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa”.
Max Frisch – “A literatura pode ser uma boa terapia pessoal, uma espécie de psicanálise na qual não se paga um psicanalista”.
Roland Barthes - “A literatura não permite caminhar, mas permite respirar”.
Cesare Pavese - “A literatura é uma defesa contra as ofensas da vida”.
Adrian Frutiger - As páginas mais belas de um texto são aquelas em que todas as letras compõe uma unidade em perfeita harmonia”.
Perboyre Sampaio - “Quando um texto nasce, já cumpriu sua principal função: harmonizar a alma de quem o criou”.
Saunders Lewis - Está claro que o "homem comum" não pode entender o extraordinário, exceto na plenitude do tempo; e o extraordinário é a essência da literatura".
Fernando Pessoa - "A literatura torna o mundo real, dando-lhe forma e permanência".
Caríssimos confrades, tendo eu a cultura e o saber como causa acadêmica e projeto de vida, não poderia saudá-los se não conhecesse a escrita. Esta questão do que é a sabedoria, e da dificuldade de compreender as informações que se tem, é a grande agonia do tempo atual, da sociedade da informação, em que faz chover, como tempestade, e inunda as pessoas de tanta informação, assim como a enchente que invade os rios amazônicos e fazem as nossa alagações.
Por fim, eu não vou mais cansá-los, senhoras e senhores, confrades e confreiras. Percorri este caminho para enaltecer  a chegada  destes ilustres pares à Academia Acreana de Letras. Mas o percorri, sobretudo, porque foi a escrita que nos fez, embora em ofícios distantes, comungar um mesmo ideal: o idioma pátrio, a cultura, a literatura. É a escrita que promove o grande encontro desta noite.
Vindes, Renã, Arquilau, Gilberto, Reginâmio, integrar-vos ao seleto pugilo – com a só exceção desta que vos fala --- de gente distinguida, condutora e defensora dos ideais mais nobres, eis que promanam do culto à sagrada Língua Portuguesa e Literatura Brasileira.
Labor  omnia  vincit  improbus... O  trabalho  perseverante  vence tudo.

Muito OBRIGADA e tenham todos uma Boa Noite!

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