segunda-feira, 9 de junho de 2014

FUNERAL DA MONTANHA

J. G. de Araújo Jorge (1914-1987)
Melancolicamente reclinada
sobre a amurada verde das encostas,
– a tarde, como um vulto de mãos postas,
cai de joelhos sombreando os vãos da estrada...

Vem a noite chegando, e acende os círios
das estrelas nos altos castiçais,
– e as derradeiras luzes lembram lírios
envolvidos em gazes funerais...

Há um cântico de pássaros em coro,
e dos órfãos regatos, nas encostas,
ouve-se um quase imperceptível choro...
Há um silêncio que punge, no ar contrito...

............................................................................

A montanha é um cadáver de mãos postas
no ataúde infinito do Infinito!


JORGE, J.G. de Araújo. Eterno Motivo. Rio de Janeiro: Vecchi, 1954. p.225-226

Nenhum comentário:

Postar um comentário